quinta-feira, 16 de julho de 2015




Apenas um tirar de si,
Uma entrega insana
quase desesperada.
Apenas um desejo de esvaziar-se
Até não sobrar mais nada;
Uma necessidade de aniquilação daquilo que já não é...
Suicídio suave, leve,
E a vida vai evaporando lentamente,
Sem dores ou temores,
Sem nem ao menos perceber...

sexta-feira, 3 de julho de 2015


Houve dias de riso frouxo
Onde a felicidade dominava tudo ao redor
O coração sequer batia
Ele flutuava junto às nuvens...
Houve dias em que o amor
Era a única lei
Nada além de estar
Nada além de ser
Tudo reafirmava o que os olhos sabiam
Tudo cantava o que a voz dizia:
Que tudo estava em seu lugar.
Eram dias de glória
Eu era a Rainha absoluta desse reino particular.
Nossas muralhas eram feitas das flores que me enviava,
Nossos sonhos eram nossos súditos,
E não havia nada mais a se conquistar, nenhum medo de se perder...
E foram tantas juras,
Construímos juntos várias existências pra nós dois,
Será que gastamos nossas vidas apenas imaginando?
Será que apostamos nossas fichas sem perceber que já estávamos perdendo cada uma delas?
De repente tudo se perdeu,
Éramos dois estranhos que se conheciam intimamente
Eu adormecia ao seu lado
Mas não sonhava mais com nós dois.
Cada dia apenas passava.
As cores sumiram.
Eu não tinha mais sua mão,
Você não tinha mais meu sorriso,
Eu fazia o seu prato predileto,
Mas você achava comum;
Você me dedicava delicadezas
Que eu já não enxergava mais...
Éramos apenas sombra de um Rei e uma Rainha
Que um dia se amaram.
Éramos apenas uma história em páginas amareladas.
Não havia mais graça,
Não havia mais beleza,
O que nos cegou?
O que tirou o prazer na companhia um do outro?
Nos jogamos num abismo
E não soubemos mais sair dele.
Banalizamos o que era raro,
Desvalorizamos o inestimável,
E cada um buscou o que lhe faltava naquilo que conhecia:
Eu na solidão, você em outros braços,
Juntos e tão distantes,
Erramos em não amar o amor,
Em não cuidar e cultivar
O que tínhamos de mais belo na vida:

Nós dois.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Desapego




Desabo, desato alguns nós, deixando rolar
Lágrimas, o tempo, o vento, a vida;
Deixo que rolem as pedras, as pérolas,
Que desenrolem as situações,
Que desfaçam os laços...
Deixo ir quem não quer ficar.
Deixo, não por desleixo,
Não por não querer segurar,
Deixo porque minhas mãos são pequenas demais,
Se seguro muitas coisas
Não posso me aparar,
Me amparar pela vida a fora,
Pela via velada, vasta, veloz,
Volátil é essa vontade de ficar:
Passa, como tudo o que já passou...
No fim, fico apenas com minhas marcas
De sorriso e de alívio pelo fim da dor.

quinta-feira, 16 de abril de 2015



N'kis encontrou di madrugada só pa n odja sol ta naci di bu sorrisu.

terça-feira, 14 de abril de 2015



Quando escrevo, nunca digo tudo;
Pois alguma coisa preciso guardar só pra mim.
Quando escrevo, omito alguns fatos, algumas vírgulas,
Porque o papel não guarda segredos...
Eu minto
Pra proteger os olhos de quem lê,
Pra evitar que a boca se abra em exclamação,
Ou que as lágrimas amargas brotem sem cair.
Quando escrevo, faço isso por mim,
Pelos meus demônios.
Não posso guardá-los o tempo todo,
Preciso liberá-los, me exorcizar...
Escrevo porque as experiências, por vezes, são pesadas demais,
Para ombros tão pequenos!
E noutros, são doces demais para uma alma que é meio ácida...
Se escrevo, e o faço sem excelência alguma,
É porque as palavras permitem reviver aquilo que me prende o fôlego,
E reinventar o que me prende o choro.
Eu escrevo porque sou egoísta:

Não sei me compartilhar com outro ser que não eu mesma.


Às vezes me angustio por não entender algumas coisas,
Mas por que precisamos sempre saber tudo?
A dúvida é graciosa em seus gestos;
E a incerteza não guarda em si as possibilidades?
Por que precisamos da vida explicada, qualificada, quantificada à nossa frente
como uma expressão matemática:
sem erros, sem margens para o talvez, o quem sabe, o tomara...?
Por que essa necessidade de exatidão, de precisão,
de ter a vida segura nas mãos,
apertada, contida, parada...?
Vida não é pra se guardar, não é pra se prender,
Vida é borboleta que precisa estar solta
alegre, exibindo suas cores por aí,
pois seu tempo é curto demais.
Tentar racionalizar a vida é absolutamente irracional
pois isso retira toda a suavidade de seus temperos
consome suas mágicas coincidências,
distorce sua beleza.
Racionalizar cada pedacinho de vida
é como perder tempo explicando sobre os ingredientes, sabores, aromas, cores de uma sobremesa ao invés de prova-la;
É iludir-se achando que saber tudo sobre uma fruta é o mesmo que mordê-la fresca...
Apreciar a vida é mais urgente que compreendê-la.

Convivência felina



Silêncio também é conversa; 
Carinhos não precisam de alarde;
Amor não sofre de desespero;
Companhia não significa dependência;
Liberdade não é sinônimo de indiferença;
Olhares trocam até a alma de lugar;
Lealdade não é subserviência;
Exigir o que é seu de direito é amor próprio, e dar as costas para o que não faz bem, também...
Aliás, amor próprio não é sinônimo de falta de cuidado com o outro! 
Deitar ao lado quando se poderia deitar onde quisesse, é carinho;
Ficar juntinho quando o outro está triste, mesmo sem dizer nada, é carinho;
Tocar o braço ou a mão quando não se tem mais nada a fazer, é carinho;
Doar-se, expondo seu lado mais frágil: a maior prova de amor!
Brincar sem motivo, sorrir sem motivo, brigar se tem motivo: simples convivência.
Mas como explicar tudo isso para quem não tem gatos?