sexta-feira, 17 de julho de 2009




Um coração pobre é o que tenho

Que ama apenas aquilo que não tem;

Um corpo fraco é o que tenho

Que deseja apenas o que está do outro lado da cerca.

Olhos cegos,

Boca seca,

Braços débeis

É o que tenho!

Pois nada do que me cerca me seduz tanto quanto aquilo que está longe.

Caminho sempre em busca da minha sede,

Do meu tormento

Do desejo que incendeia minha mente

Pois nunca me sacio.

Aquilo que desejo, quando toco, se transforma em outro ponto mais além

E assim vou seguindo estrelas,

Cada vez mais longe

Distanciando-me de minha própria essência.

Insaciável, sou apenas um animal.

Em toda água que bebo sinto gosto de sal

E busco mais água;

Em toda fruta que como tem sal

E busco mais fruta.

Nada sou além da própria loucura.

Pobre de mim que não conheço a paz que me rodeia,

Pobre de mim,

Louca,

Morta,

Suja,

Esgueirando-me como um lobo faminto

Em busca daquilo que não conheço

Mas preciso.

quinta-feira, 2 de julho de 2009




É tudo tão novo a cada instante

Não quero perder nenhum detalhe,

Pois pode ser uma tragédia

Ou uma comédia

Quem saberá?

Por isso quero estar de olho em cada ato.

O final é sempre um recomeço,

Uma ópera eterna, um labirinto.

O que haverá na próxima esquina?

Um palhaço saltitante anuncia o próximo número

Neste circo não há espectadores

Somos todos poodles, domadores, engolidores de fogo

Equilibramos esperança e dor

E seguimos na corda bamba.