segunda-feira, 5 de abril de 2010




Desço a rua e a noite vem comigo

Apenas a desesperança preenche os becos vazios.

Em um lugar qualquer, risos cortam a noite

Como facas afiadas

E buscam meus ouvidos

Rasgando o tempo, o espaço,

E outras coisas que um dia fizeram sentido.

São risos de escárnio, quase desesperados

Procuram insanamente demonstrar felicidade

Mas ela vem falsa

Imediata, vulgar.

Não enfeitam os rostos

Também vazios,

Mas retorcem a boca e calam os olhos.

Vejo as flores murchas pelo caminho,

Vejo sombras atrás das cortinas,

Há garrafas vazias sobre as mesas,

E vazios corações

E olhos vazios de horizonte.

Não há mais nada pelas ruas

Além da minha própria sombra

Por um momento me sinto só

Mas logo vejo que não poderia estar melhor acompanhada.