
O dia hoje está aborrecido. O céu cinza parece estar de braços cruzados, e o vento frio que sopra só confirma que algo está fora do lugar, e muito, muito chateado. As cores estão em greve e existe algo levemente irritante nas horas.
O vento que vem do sul tem cheiro de passeio de mãos dadas, de pôr do sol, de suspiros à meia luz. Aspiro o vento e desejos invadem meus pulmões, oxigenam meu sangue, alimentam o meu coração.
Começa a cair uma chuva fina, um véu que aos poucos deita sobre a terra, sobrepondo uma camada úmida às lembranças.
Logo um sol preguiçoso mostra o nariz entre as nuvens, dá uma espiada na rua e some novamente.
Até mesmo a espera que andava de um lado para outro quedou-se numa cadeira ali no cantinho. Ficou quietinha mirando a porta com olhos taciturnos.
Tudo nessa tarde cheira a um tempo que deseja ser, que pulsa e deseja de todo modo adiantar-se, acontecer a qualquer custo. Mas nada adianta o querer sem tuas mãos, boca e sorriso. Eu, o tempo e a tarde estamos à mercê da tua aparição.
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