
A rua passava pela menina
Deixando suas marcas, aromas e cores.
O mendigo passava,
A mulher passava,
A criança, o cão, o homem sem nome passavam
Todos deixando suas dúvidas
Grandes dúvidas que ela carregava
E suas certezas...
Bem, a menina não tinha certezas.
Passavam pela menina as vitrines
E guardavam seus desejos;
Passavam os carros
Levando a menina para lugares que ela jamais iria.
Passavam as calçadas,
O asfalto, os bueiros,
O lixo dos cantos passava por ela
Que carregava parte da cidade.
A menina levava o resto de sonho do pedaço de jornal,
O resto de fome da comida no lixo,
O resto de vício jogado pela mão descuidada, ainda aceso.
Passavam olhos e seus segredos,
Passavam mãos, pernas, braços, sorrisos e lágrimas.
Toda a cidade passava pela menina
Suas luzes e cinzas;
Dores e restos,
Tudo lhe atravessava os poros;
A sinalização passava e não lhe indicava o caminho,
A estátua passava e não lhe via,
Então a praça passou por ela
E ficou uma flor em seu cabelo.
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