
Desço a rua e a noite vem comigo
Apenas a desesperança preenche os becos vazios.
Em um lugar qualquer, risos cortam a noite
Como facas afiadas
E buscam meus ouvidos
Rasgando o tempo, o espaço,
E outras coisas que um dia fizeram sentido.
São risos de escárnio, quase desesperados
Procuram insanamente demonstrar felicidade
Mas ela vem falsa
Imediata, vulgar.
Não enfeitam os rostos
Também vazios,
Mas retorcem a boca e calam os olhos.
Vejo as flores murchas pelo caminho,
Vejo sombras atrás das cortinas,
Há garrafas vazias sobre as mesas,
E vazios corações
E olhos vazios de horizonte.
Não há mais nada pelas ruas
Além da minha própria sombra
Por um momento me sinto só
Mas logo vejo que não poderia estar melhor acompanhada.