
Um coração pobre é o que tenho
Que ama apenas aquilo que não tem;
Um corpo fraco é o que tenho
Que deseja apenas o que está do outro lado da cerca.
Olhos cegos,
Boca seca,
Braços débeis
É o que tenho!
Pois nada do que me cerca me seduz tanto quanto aquilo que está longe.
Caminho sempre em busca da minha sede,
Do meu tormento
Do desejo que incendeia minha mente
Pois nunca me sacio.
Aquilo que desejo, quando toco, se transforma em outro ponto mais além
E assim vou seguindo estrelas,
Cada vez mais longe
Distanciando-me de minha própria essência.
Insaciável, sou apenas um animal.
Em toda água que bebo sinto gosto de sal
E busco mais água;
Em toda fruta que como tem sal
E busco mais fruta.
Nada sou além da própria loucura.
Pobre de mim que não conheço a paz que me rodeia,
Pobre de mim,
Louca,
Morta,
Suja,
Esgueirando-me como um lobo faminto
Em busca daquilo que não conheço
Mas preciso.